foto: Rodrigo Vila |
Para o projeto de intervenção urbana APOSTO, desenvolvido durante o período da Residência Artística HS13rc, em Lisboa, Portugal, Fábio Carvalho, que é um apaixonado pelos azulejos antigos, tendo até mesmo um projeto paralelo de levantamento dos azulejos antigos em sua cidade natal, o Rio de Janeiro, foram criados três novos padrões de azulejo, a partir de fotos de peças da série "Delicado Desejo".
A série "Delicado Desejo" é composta por armas de fogo criadas a partir de um patchwork de diversas rendas. Como em toda a sua produção, Fábio Carvalho procura questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir, propondo uma discussão sobre estereótipos de gênero.
Os novos padrões foram impressos a laser em papel, e depois os azulejos de papel foram aplicados com cola de amido em fachadas de prédios lisboetas onde os azulejos originais já estavam em falta nestas fachadas, por deterioração ou roubo. Nenhum azulejo original foi coberto pelos de papel. Em alguns casos, foram criados padrões específicos, visando um maior diálogo entre o padrão original e o criado pelo artista.
Procurou-se aplicar os azulejos de papel da melhor forma possível para se integrarem aos azulejos já existentes nas fachadas. Desde que começou a ir à Lisboa com regularidade, a partir de 2011, o artista ficou interessado pelos “remendos” errados que as pessoas fazem nas fachadas de suas casas, usando padrões diferentes dos originais para completar os buracos que vão aparecendo. Isto foi um dos pontos de partida para o desenvolvimento desta intervenção urbana.
Nesta ação, que Francisco Queiroz, Doutor em História da Arte, professor na Escola Superior Artística do Porto, e consultor na área da Reabilitação de Centros Históricos, afirmou na página do facebook do projecto SOS Azulejo (Portugal), seria uma "outra forma de chamar a atenção "para o constante problema de roubos e perdas de azulejos nas fachadas da cidade", nesta despudorada violação do patrimônio histórico público, podemos também ver uma analogia com a banalização da violência e da falta de valor da vida humana em nossos dias.
No total, durante 35 dias 300 azulejos de papel foram aplicados em 45 pontos de intervenção. Os azulejos de papel, ao mesmo tempo que causam um certo estranhamento ao olhar, podem ser por vezes facilmente confundidos com os azulejos originais.
Esta é a segunda vez em que o artista realiza um projeto de intervenção urbana naquela cidade. Ano passado Fábio Carvalho fez uma outra intervenção urbana, chamada “Migração Monarca”, durante as tradicionais Festas dos Santos Populares de Lisboa.
Os projetos de arte urbana de Fábio Carvalho atuam como pequenas inserções, peças que invadem o espaço quase como um parasita. As peças aparecem mais por tensionarem o que já está lá, em vez de impor-se de cima para baixo a um espaço. As peças exigem uma certa intimidade para entrar em ação. Eles permanecem dormentes até que você as ative com o seu olhar. Eles não gritam - sussurram.
sobre o artista: Fábio Carvalho é um artista plástico carioca (Rio de Janeiro | Brasil) em atividade desde 1994 (13 exposições individuais e mais de 140 coletivas). Participou dos mais importantes projetos de levantamento de produção de arte emergente no Brasil nos anos 1990, como Antarctica Artes com a Folha, Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas, Rumos Visuais - Itaú Cultural, Projéteis Funarte de Arte Contemporânea - RJ, Salão Nacional de Artes de Goiás e Salão Nacional de Artes Plásticas - MAM - RJ, entre outros. Fez exposições por quase todo o país, e já integrou mostras na Alemanha, Argentina, Chile, Cuba, Espanha, Equador, EUA, Hungria, Peru, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Rússia.
foto: Rodrigo Vila |
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Fábio
ResponderExcluirjá há uns tempos que tinha visto esta postagem, mas tem-me faltado o tempo para vir aqui.
Esta tua intervenção urbana não deixa de ser curiosa, pois como se refere no texto, é como a colocação de azulejos diferentes para substituir as faltas e muitas vezes esses remendos acrescentam um toque inusitado e cheio de graça aos prédios.
Contudo, a verdadeira estrela desta postagem, é a última foto, onde tu apareces como uma espécie de modelo de uma revista de modas masculina, num fundo de azulejaria lisboeta.
Um abraço e parabéns
Obrigado Luis! Foi uma experiência muito intensa,e que teve (e ainda está tendo) uma repercussão inimaginável! E algo tão pequeno, tão simples, totalmente independente, sem apoio institucional e sem marketing empresarial. Felizmente ainda é possível se fazer uma ação artística totalmente isenta de interesses comerciais, e fazer algum barulhinho.
ExcluirQuanto à "foto de modelo"... menos... menos... ;-)
abraços!