quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Centro X - Sítio Arqueológico no Castelo

Neste post apresente uma parte ínfima dos azulejos encontrados durante as escavações arqueológicas do sítio Santa Luzia, que antecederam a construção da garagem subterrânea do prédio do Ministério Público Estadual, na região do Castelo, Centro. Foram literalmente milhares de pedaços de azulejos, principalmente holandeses, mas também alguma coisa portuguesa, francesa e inglesa, datados como sendo do século 19 pela profa. Dora Monteiro Alcântara.

modelo "Fita e Tulipa"




Os objetos mais antigos encontrados são louças portuguesas dos séculos 16 e 17. Segundo a profa. Tânia Lima, estes azulejos fariam parte do antigo Morro do Castelo, que foi demolido nos anos de 1920 sob a alegação de que impedia a circulação do vento que vinha da Baía de Guanabara e que nele habitava população doente e pobre. Os escombros do morro foram usados para vários aterros que expandiram o litoral na região da praça XV e arredores.

As escavações encontraram ainda centenas de ossos, humanos e de animais, diferentes tipos de garrafas, potes de ungüento, tinteiros, cerâmicas, vários tipos de louças portuguesas e inglesas. 

"É uma quantidade impressionante de azulejos decorativos de uma variedade extraordinária. Também encontramos telhas de beiral pintadas e pedaços de estátuas de jardim. Portanto, é possível afirmar que, ao contrário do que se supôs durante todos esses anos, no morro havia, sim, uma parte rica e uma parte de classe média.", afirmou a profa. Tânia Andrade Lima.











O apresentado neste post não é nem 1/4 da enorme variedade e quantidade de azulejos encontrados nesta escavação. Infelizmente, no dia da aula eu não levei minha máquina fotográfica, pois não imaginei que permitiriam fotografar, uma vez que eu trabalhei como voluntário limpando, selecionando e catalogando os achados deste sítio arqueológico durante um semestre inteiro, e uma das primeiras diretrizes que recebi foi que era terminantemente proibido fotografar ou mesmo comentar publicamente sobre este material. E no dia da aula, liberaram fotografar. As fotos acima são de autoria de uma colega de curso, infelimente ela não é muito hábil com fotografia, mas ao menos temos algumas imagens para ver.

As fotos abaixo são de mais de um catálogo de azulejos holandeses, com decorações também encontradas na mesma escavação onde foram encontrados os acima:




2 comentários:

  1. Fabio: O comentário de que havia gente abastada no Morro do Castelo, deve ser real. A Prof Dora Alcantara cita Cervantes: Sancho Pança diz de um tipo pobretão "nunca terá uma casa com azulejos". Até hoje é uma verdade, já que o azulejo é o final da obra. Muitos sem dinheiro deixam pra depois.Imagine no séc 18 e 19, quando o azulejo ainda seria muito mais raro e caro do que hoje.
    Há uns 30 anos foram demolidas uma série de casas no lado esquerdo da Rua do Acre, quase esquina de Visconde de Inhauma, hoje, salvo engano, uma garagem, aonde sairam muitos metros quadrados de azulejos franceses das Fabricas Fourmaintreaux, Devres, Pas de Calais, que datavam do meio do seculo XIX. Não esquecer que o Rio de Janeiro era a Corte e toda a riqueza do Brasil passava pela cidade, não importando qual ciclo economico havia.

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    1. Caro Carlos,
      Obrigado por seu comentário, que ajuda a iluminar um pouco mais este assunto tão interessante e intrigante.
      abraços!

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