Este post complementa um anterior, de 03/09/2012, onde eu apresentei fotos da fachada frontal do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, um dos muitos complexos públicos que seguiu o programa arquitetônico neocolonial dos anos 1920/1930. No post anteior eu publiquei uma história resumida do Hospital, bem como comentei rapidamente sobre o movimento arquitetônico Neocolonial, o qual este Hospital seguiu em seu projeto.
Nest novo post apresento algumas das fotos que fiz das fachadas dos prédios voltados para os fundos do terreno do hospital, onde ficam o Instituto de Pesquisa, a Casa do Administrador e a Capela.
Os painéis dos prédios dos fundos do hospítal, apesar de apresentarem faltas, ao menos não estão embaralhados como os da fachada frontal, o que deve ter sido resultado de alguma reforma mal-sucedida do prédio, feita de qualquer jeito e sem muita atenção.
Os azulejos do Hospital Gaffrée e Guinle não me encantam muito, acho que por serem um pastiche do que foi em séculos anteriores a azulejaria portuguesa. Todo o programa arquitetônico neocolonial é um grande pastiche, e como tal, há algo de engessado, duro, artificial. Eu até gosto do prédio em si, é bastante monumental, imponente, mas o azulejos ficam mais para uma ilustração publicitária dos anos 1920; às vezes parecem ter a dureza de um vitral, mas sem a beleza do brilho da luz solar atravessando os vidros coloridos. Em geral, são bem desenhados e pintados, mas muito duros, um pouco pesados, meio mortos.
Porém, parte dos azulejos desta área de fundos do hospital até me agradam, por não terem tanto compromisso com parecer algo lusitano antigo. Eles tem um pouco mais de soltura, apresentam uma influência tardia do vegetalismo art nouveau. Em particular, os painéis aplicados na Casa do Administrador são os mais interessantes, como nas fotos abaixo:
Mas quando vemos os painéis do Instituto de Pesquisa, voltamos ao pastiche que também vemos na fachada frontal do hospital. Há até mesmo uma superposição de estilos de época; rococó + neoclássico + etc, etc...
A Capela também segue o pastiche neocolonial, só que, naturalmente, orientado por motivos religiosos.
Aqui também, tanto na foto de cima, como na abaixo, o "jeitão" de ilustração publicitária dos anos 1920.
Nas laterais da Capela, vemos novamente frisos mais interessantes, com a mesma influência tardia do art nouveau dos frisos encontrados na Casa do Administrador.
Os dois azulejos solitários, que ladeiam o portão de entrada da Capela são os que mais gosto, e talvez sejam o que menos chamam a atenção, por não estarem no topo, nem serem grandiosos como os painéis. Mas estes apresentam um pincel mais solto, mais fluido, como na verdadeira azulejaria tradicional.
Uma coisa que me surpreendeu, e que só pude ver melhor ao chegar em casa, depois de abrir as fotos, foi a caixa d'agua ser também ornamentada com um belo friso de azulejos, com direito a motivo centrale e cercadura! Me surpreendeu pois da rua é quase impossível perceber que esles estão lá. A caixa, embora bem grande, é muito alta, e a luz estava naquela momento contra mim; eu achei que havia alguma textura curiosa na caixa d'água, e só por isso que a fotografei, e ainda bem que eu o fiz!
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Atualização em 28/9/2012
Hoje encontrei uma ilustração da caixa d'água do projeto original, e algumas fotos de uma área mais interna do Hospital (Biotério), à qual não se tem acesso regularmente, onde também aparecem os azulejos decorativos.
UAU!!! Nunca podia imaginar que no Rio houvesse tantos azulejos de qualidade ainda! E me revolta o fato de estarem mal cuidados, isto sim...
ResponderExcluirEstes nem de longe estão na lista dos meus preferidos, mas merecem ser conservador e preservados.
Excluirbjos
Estes azulejos da caixa d'água são um achado! Você deve ter ficado super satisfeito!
ResponderExcluirFoi inesperado mesmo. Só vi na foto com zoom da câmera. Na hora não entendi direito o que seria.
Excluirbjos
Volta e meia visito seu blog. Amo suas postagens sobre o HUGG!
ResponderExcluirObrigado!
Excluirvolte sempre! :)
abraços
Por acaso procurando um determinado hospital no Rio, deparei-me com o Gafree.Foi quando notei a sua fantásti ca arquitetura, rafidade preservada na cidade, e seus fantásticos azulejos portugueses. Haja beleza, nos atuais tempos.. Não sei se porque sou apaixonada por este estilo ou se o conjunto é digno de ser preservado.
ResponderExcluirGostaria de saber o porquê a Capela está desativada e largada??? Também gostaria de expressar minha tristeza em ver uma capela que poderia estar sendo uma ajuda a enumerar pessoas, fechada e se destruindo. Uma verdadeira lástima. 🙏
ResponderExcluirOlá Fábio, escrevo para o Maracanã Voador (página nas redes sociais criada para falar sobre o Bairro do maracanã. Vamos lanças uma tag com o nome "desafio". O objetivo é mostrar detalhes lindos do bairro. Gostaria de saber se posso postar algumas imagens do seu blog sobre os azulejos do Grafrée e Guinle, com a seguinte frase> Reconhece? Essas imagens mostram detalhes dos fantásticos azulejos portugueses que decoram a fachada, a capela e os muros do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, que fica na Rua Mariz e Barros, 775 - Maracanã.
ResponderExcluirVocê vai descobrir mais detalhes sobre essas preciosidades no blog Azulejos Antigos do Rio
http://azulejosantigosrj.blogspot.com/2012/09/maracana-ib-hospital-gaffree-e-guinle.html
Olá, tudo bom?
ExcluirPode sim, mas duas observações:
1 - Os azulejos NÃO SÃO PORTUGUESES! Afinal, foram produzidos no Brasil.
2 - No final da postagem, as 4 últimas fotos não são minhas, portanto não posso autorizar seu uso.
Abraços!
aguardo seu ok para publicar - @maracanavoador
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