O segundo foi quase um susto! Finalmente azulejos portugueses na fachada de um imóvel antigo na cidade! Infelizmente, um imóvel quase condenado, de tão destruído! Vamos às imagens do Google Street View enquanto aguardo uma oportunidade para voltar lá com minha câmera.
Como podemos ver nas duas imagens acima, os azulejos de padrão principais são ambos portugueses. Os da imagem de baixo, segundo o livro "Caminho do Oriente - Guia do Azulejo", de Luísa Arruda (1998), talvez sejam da Fábrica Roseira, e o padrão seria conhecido como "Palácio da Pena", pois teria sido um padrão criado pela Fábrica Roseira para atender uma encomenda do Rei D. Fernando II para o Palácio da Pena, em Sintra, que depois se popularizou por toda Lisboa. Entretanto é sempre arriscado afirmar com certeza a fábrica de um determinado azulejo, uma vez que os padrões eram copiados livremente entre as fábrica de Portugal. De toda forma, é um dos raros casos em que a origem do padrão é razoavelmente documentada.
fonte: "Caminho do Oriente - Guia do Azulejo", de Luísa Arruda (1998), |
O padrão usado no friso da platibanda é o mesmo visto abaixo, em foto feita em Alfama, Lisboa:
Este padrão, segundo o artigo "EARLY FAÇADE AZULEJO FRAMES BY FÁBRICA ROSEIRA OF LISBON", de João Manuel Mimoso, Atas do AZLAB#14, n.2, 2016 - Edição especial – Azulejos and Frames, seria um dos primeiros criados também pela Fábrica Roseira, inspirado nos padrões alicatados ou enxaquetados usados em Portugal no século XVII.
Convento da Conceição | Museu Regional de Beja azulejos enxaquetados |
Na imagem abaixo vemos no "friso" da platibanda um rodapé com mais outro padrão, que infelizmente não pude identificar devido à baixa qualidade das imagens do G.S.V.. Originalmente ali havia dois imóveis comerciais iguais e simétricos, à frente de uma vila de casas, e curiosamente o cartucho com a data de construção de ambos (1900) estão lado a lado, acima do portão desta vila. Infelizmente seu irmão gêmeo já se foi, engolido por um pequeno prédio hediondo que foi construído por cima dele.
Aqui nesta imagem podemos ver melhor a cercadura usada. Trata-se provavelmente de azulejo holandês, uma vez que este padrão está classificado no acervo do Museu do Azulejo da Holanda, bem como na "bíblia" "De nederlandse tegel: decors en benamingen, 1570-1930" (2013), de Jan Pluis.
Para não fugir à regra, ainda mais em um imóvel em estado tão deplorável, tinha que existir um canto com "remendos" de azulejos variados, de outros padrões.
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