Antes de mais nada, quero agradecer ao caro amigo Raul Félix e ao Denis Oliveira por terem me "escoltado" ontem não apenas neste local, que fica numa região bem barra pesada da cidade, mas também em outras localidades, de difícil acesso para um visitante solitário, pelas mesmas questões de segurança. Devo ao Raul a possibilidade de lhes poder apresentar estas fotos.
Agora podemos ver bem como é o desenho do azulejo de padrão e do azulejo de cercadura. Percebemos que embora o azulejo de padrão sejam apenas a duas cores, azul cobalto e manganês, o azulejo de cercadura é polícromo, em azul cobalto, manganês, verde e amarelo, e possui um desenho bastante interessante e complexo. Recomendo clicar na foto acima para vê-la maior.
Ao fazer uma comparação de tamanhos no Photoshop, pude perceber que o azulejo de cercadura é um pouco maior do que o azulejo de padrão, e talvez por isso tenham sido aplicados desencontrados. Portanto, esta cercadura não foi feira para este padrão. Mas isto não deve nos intrigar, afinal o uso de azulejo aqui no Rio de Janeiro sempre foi mais livre, e as combinações de padrão + cercadura não obedecem a qualquer regra. Embora eu não o tenha encontrado ainda em nenhum catálogo de azulejos antigos holandeses, para mim está claro, a partir do estilo do desenho, que o azulejo de cercadura também veio da Holanda.
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Atualização em 29/12/2012
Como eu havia sugerido, o azulejo de cercadura é realmente holandês. Aqui está ele, em close-up.
Encontrei um muito similar no acervo do Museu do Azulejo da Holanda (Nederlands Tegelmuseum).
Este azulejo de cercadura acima teria sido fabricado em Utrecht, entre o século XIX e 1910. O nome do padrão seria "Krulhalfje". Eu achei outro azulejo de cercadura no mesmo catálogo, com desenho parecido:
Em sua ficha técnica, consta que este azulejo foi produzido na fábrica de Jan van Hulst, entre o século XIX e 1910. Esta fábrica operava na cidade holandesa de Harlingen. Não há indicação de um nome para o motivo decorativo.
Acho a versão de Utrecht muito mais parecida com o azulejo usado no imóvel apresentado nesta postagem, tanto no formato do desenho, quanto a técnica de pintura. Como também já encontrei neste catálogo uma grande quantidade de azulejos usados no Rio de Janeiro no final do século XIX também fabricados em Utrecht, quase todos de uma mesma fábrica, creio que seja mais provável que o azulejo de cercadura deste imóvel em particular tenha vindo de Utrecht.
Para a postagem ficar mais completa, repito aqui parte do que publiquei na postagem anteiror sobre o imóvel. Um desenho do azulejo de padrão usado no imóvel foi encontrado em um livro de modelos que eram usados pelos artesãos na olaria do ceramista holandês Frederik Jacobus Kleijn (1819-1881), de Roterdam.
modelo do azulejo usado no sobrado, no livro de modelos de Fraderik J. Kleijn. |
O nome deste padrão é "Muurbloem" em holandês, ou "Wall flower" em inglês, que corresponderia em português (de Portugal, pois não conheço esta flor no Brasil) ao Goivo-amarelo ou Aleli.
No catálogo do Museu do Azulejo da Holanda há uma versão polícroma deste azulejo, que teria sido fabricada entre 1870 e 1920.
No catálogo do Museu do Azulejo da Holanda há uma versão polícroma deste azulejo, que teria sido fabricada entre 1870 e 1920.
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Atualização em 29/12/2012
Acabei de descobrir que a cercadura usada no sobrado acima possuia uma cantoneira, que infelizmente não foi usada neste imóvel:
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