Erguida em 1882, a Chácara São João era a moradia urbana da família do nobre João José Carneiro da Silva, que visitava constantemente a região. Após sua morte, seu irmão, o barão José Caetano, se mudou para a chácara com a família, onde viveu até 1931. A propriedade permaneceu fechada por nove anos, até receber Ana Francisca, filha da baronesa, e seu filho, Bento Cavour, cuja família é, hoje, proprietária da casa. Semi-rural, a casa foi construída em forma de chalé e possui telhados arranjados em dois frontões triangulares. No local, também é possível encontrar móveis e documentos de época.
(fonte: http://mapadecultura.rj.gov.br/quissama/chacara-sao-joao)
Foto obtida no Panoramio, da página do perfil "Quissamã". |
Foto obtida no Panoramio, da página do perfil "Quissamã". |
Foto obtida no Panoramio, da página do perfil "Quissamã". |
Foto obtida no Panoramio, da página do perfil "Quissamã". |
O interessante nesta série de azulejos dos 3 casarões de Quissamã é que lá o uso permaneceu tradicional. Os azulejos não foram usados em fachadas externas, mas sim no revestimento das cozinhas e copas.
"Estrela de Hamburgo", foto do Catálogo do Museu do Azulejo da Holanda, semelhantes aos encontrados na Igreja de Nsa. Sra. da Lapa dos Mercadores, Centro do Rio de Janeiro, sendo que lá, em duas cores. |
catálogo fábrica Makkum (1670, ainda em operação), Littenseradiel, Frísia,
Países Baixos. cortesia Johan Kamermans, Museu Nacional do Azulejo dos Países Baixos. |
livro de modelos de 1890 da fábrica Ravesteyn (1844/1994), Utrecht,
Países Baixos. cortesia Johan Kamermans, Museu Nacional do Azulejo dos Países Baixos. |
O exemplar da Chácara São João é bastante parecido com os azulejos que já fotografei anteriormente na rua Barão de São Félix, tanto na tonalidade do azul, quanto na forma em que o desenho foi elaborado.
Eu tenho a clara impressão de já ter visto em Portugal um padrão parecido com este, e quem sabe até mesmo igual. Não seria o primeiro, afinal.
Ai Fábio, esta casa é um mimo, e, segundo percebi, não está em perigo de cair em ruínas! Aleluia!
ResponderExcluirAs janelas com meias venezianas, para resguardar a privacidade, são de um encanto muito especial. São igualmente muito usadas por cá, e devem ser um elemento remanescente da forma de construir árabe, países onde igualmente é possível encontrar estes elementos de proteção das janelas, só que se apresentam de forma integral, cobrindo totalmente o vão. São um charme!
Quanto aos elementos rendilhados que se encontram no alpendre, e que julgo serem metálicos, são lindíssimos. Pena que tivessem modificado o tipo de telha que cobre o edifício, pois, originalmente, não me parece que tivesse este tipo de telha dita "de Marselha" (como é conhecido por aqui), mas creio que deveria ser de canudo.
Será uma questão de ver fotografias mais antigas desta casa para averiguar.
Quanto aos azulejos, estou já confundido se os vi ou não por aqui. Se por acaso os vir em algum local, informar-te-ei do facto, mas neste momento não os consigo localizar.
Agradeço igualmente ao Mateus Fragoso estas fotos da velha arquitetura brasileira, que conheço pouco, mas que se revela um encanto, e muito nostálgica.
Grande abraço
Manel
Olá Manel, tudo bom?
ExcluirOs lambrequins (elementos rendilhados) da varanda lateral são provavelmente em madeira. Eu adoro varandas ou telhados com acabamento com lambrequins. É uma pena que na maioria dos chalés remanescentes aqui no Rio de Janeiro já não existam mais, provavelmente arrancados ou por estarem apodrecendo, ou por terem achado feio.
Quanto às telhas, vamos esperar o Raul Félix retornar de viagem, para ver o que ele pode nos dizer. Vou também perguntar ao Mateus, pois ele pode ter alguma informação a respeito, uma vez que é na cidade dele.
Acrescentei mais algumas fotos da casa.
abraços!
Manel, sobre o azulejo: procurei e procurei, e não achei nenhuma foto deste padrão ou parecido em Portugal. Acho que eu me confundi! Devo ter visto por aí algum outro azulejo com pontas ou estrelas, e de tanto ver fotos de azulejos todos os dias, já devo estar embaralhando tudo na minha cabeça!
Excluirabraços
E a casa é muito comprida, na direção do quintal!
ResponderExcluirQuanto à pérgula frente à casa é um espanto. Dá-lhe um charme único.
Quanto aos respiradouros que se vêm ao nível do pavimento será que prenunciam uma cave ou, como acontece por aqui também, e para evitar a entrada de humidades a partir do solo, existe uma caixa de ar?
Estes pavimentos em madeira soiam estar muito sujeitos ao apodrecimento devido às humidades provenientes do solo, e, para evitá-lo, fazia-se uma caixa de ar com orifícios de arejamento para o exterior.
Mas são só pensamentos que coloco por escrito, dada a curiosidade que nutro relativamente aos métodos construtivos tradicionais em cada país, nada de importante.
Não ligues a estas elocubrações!
Obrigado por mais estas fotografias que dão outra profundidade à casa; estas construções do passado não cessam de me encantar e fazer-me viajar no tempo
Manel
Essa casa realmente é especial, ao contrário da maioria das outras, onde os herdeiros levaram tudo que podiam, esta se manteve quase que intocada, o interior ainda guarda a mobília original, quadros, louças e tudo mais. Quanto a alterações, são mínimas, o telhado sempre foi com telhas de marseille, os lambrequins da fachada se perderam quase todos, há apenas alguns pedaços na fachada lateral, esse tipo de ornamento foi muito utilizado por aqui. O Manel está certo, a casa possui sim um pequeno porão com respiros para a proteção do piso de madeira, outra coisa muito comum por aqui, ao que conheço ladrilhos e outros tipos de revestimento eram apenas utilizados nas varandas, ou como no caso de Mandiqüera, iam por cima do próprio tabuado. Abraço
ResponderExcluirMateuns, obrigado por complementar a postagem com suas informações!
Excluirabraços
Oi, Fábio,
ResponderExcluirConforme prometido aqui vão alguns comentários, já um pouco atrasados, sobre os chalés e a evolução dos telhados nas construções brasileiras.
O telhado longitudinal de duas águas, que caracteriza o estilo chalé, foi adotado a partir de 1850, e é característico do estilo neoclássico imperial brasileiro. Era uma inovação técnica importante comparada ao telhado colonial caracterizado por quatro águas e, nas construções estreitas, duas águas com cumeeira transversal, pois conferia ao projeto do telhado mais modularidade, limitando as extensões dos elementos de sustentação (vigas e caibros) e evitando alturas excessivas. A par destas modificações estruturais verifica-se neste período a progressiva adoção das telhas francesas (ou telhas Marselha), de moldagem padronizada e industrial, em substituição às telhas coloniais (capa-e-canal). Isto significa que, nos chalés mais antigos podem ser encontradas telhas coloniais, mas já em fins do século XIX as telhas marselha reinavam absolutas. Também no estilo art-nouveau eram sempre utilizadas as telhas francesas nos telhados, salvo um ou outro elemento decorativo em ardósia ou folha-de-flandres. Foram elas, além disto, o único tipo de telha utilizado em construções nos estilos normando e art-déco, que tinham perspectivas opostas com relação ao efeito estético dos telhados, o primeiro, valorizando-os como elemento primordial, e o outro, quase sempre escondendo-o atrás de platibandas. Somente com o advento do estilo neocolonial é que as telhas coloniais retornaram, agora em dimensões padronizadas e formando telhados complexos, cheios de encaixes de volumes e torreões circulares. Nas construções do modernismo, mais ainda que no art-déco, a estética do telhado tornou-se quase sempre irrelevante. Conforme preço e disponibilidade estas podem ser cobertas com telhas francesas (hoje já são raras), telhas de cimento-amianto ou fibrocimento ou telhas plásticas ou metálicas, que conferem à maioria das nossas cidades um aspecto pavoroso, quando vistas de cima.
Abraços a todos,
Raul.
Obrigado, Raul, por esta ótima aula sobre os telhados no Brasil.
Excluirabraços!