Hoje recebi de Johan Kamermans, do Museu Nacional do Azulejo dos Países Baixos, a quem eu havia consultado há poucos dias, a informação que segundo o livo "The Dutch Tile, designs and names 1570-1930" de Jan Pluis, o grande expert dos azulejos dos Países Baixos, que este padrão se chama "Mecklenburger Mozaïek" (mosaico de Mecklemburgo).
Só por curiosidade: Mecklemburgo é uma região localizada no norte da Alemanha que compreende a parte ocidental do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (Wikipedia).
Segundo Johan, no livro de Jan Pluis há apenas a foto do gabarito deste padrão, que é uma folha perfurada, onde os contornos do desenho são traçados com furinhos. Eu já vi este tipo de gabarito numa fábrica de faiança artística aqui no estado do Rio. Para se transferir o desenho para a superfície a ser pintada, o artesão polvilha carvão em pó sobre o gabarito.
Ainda segundo o Johan, este padrão, conforme indicado no livro já citado, era destinado a ser pintado à mão livre. Já os azulejos acima foram nitidamente executados com o uso de estanhola, e possuem uma precisão de execução quase industrial.
O gabarito reproduzido no livro é da antiga fábrica da família Tjallingii, de Harlingen, que operou até 1910. Os desenhos originais estão no Fries Museum, em Leeuwarden. Este padrão, na forma de pintura à mão livre com o gabarito perfurado, foi datado por Jan Pluis como sendo de 1880-1910. Como os azulejos do Solar de Mandiquera foram feitos com o uso de estanhola, com uma perfeição quase industrial, provavelmente teriam sido fabricados bem mais recentemente do que 1880. Como neste local estão junto com outros azulejos também produzidos com estanhola e qualidade quase industrial, datados como sendo de 1900/1940, acredito que a datação mais provável do "Mecklenburger Mozaïek" usado em Quissamã ser mais próxima do "Engels net" do que a datação apresentada no livro.
Curioso foi ter pesquisado no Google, e encontrar em um site de leilões holandês este anúncio:
As dimensões e cores dos azulejos são indênticas ao do Solar de Mandiquera. Reparem que o anúncio holandês foi publicado em 5/fev/2013, ou seja, apenas duas semanas antes da postagem sobre o Solar de Mandiquera. Estava lá esperando para ser encontrado...
Fábio, mais uma vez obrigado pelo empenho em desvendar este “mistério”. Esse azulejo realmente parece ser bem raro e isso só aumenta o valor do Solar de Mandiqüera e do nosso estado, é claro. Curioso também é o nome se referir a uma região da Alemanha. Abraços.
ResponderExcluirMateus, eu que lhe agradeço por ter compartilhado este material comigo. O Johan Kamermans me respondeu o email e contou que este padrão vai constar da nova edição do livro de Jan Pluis. Aquele leilão era mesmo dele; todas aquelas peças foram compradas para serem fotografadas para a nova edição do livro, e agora ele está se desfazendo das mesmas.
ExcluirPor sinal, já escrevi para o Jan Pluis convidando-o a conhecer o blog.
abraços!
Que grande descoberta, fiz hoje.
ResponderExcluirAmo o Rio de Janeiro, onde vivi por 25 anos.
Obrigada, hei de voltar.
Um abraço,
do Ceará...
Obrigado pela visita, Lúcia!
ExcluirVolte sempre mesmo.
abraços