domingo, 27 de abril de 2014

PATRIMÔNIO - Azulejos antigos no Rio de Janeiro

Pequeno artigo de minha autoria, originalmente publicado em 21 de setembro de 2012, na "Página da CAZA",
no caderno Arte do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro.


Azulejos de figura avulsa portugueses, séc. XIX (?)


É curioso como só vemos aquilo que queremos ver. Sempre admirei a arquitetura antiga do Rio, mas apenas depois de um curso no mestrado de arqueologia da UFRJ sobre história dos azulejos, e duas temporadas em Portugal, que notei como ainda temos sobrados com belas fachadas de azulejos antigos.

Azulejos franceses, de Pays du Calais, séc. XIX. Rua Teófilo Otoni

Este ano comecei um mapeamento dos imóveis do Rio com azulejos em suas fachadas, construídos entre o século XIX e a década de 1910. A pesquisa tem indicado que boa parte dos azulejos antigos daqui não são portugueses, mas sim holandeses. Há ainda azulejos franceses, alemães e,  claro, portugueses. Independente da origem, o uso de azulejo em fachadas é tipicamente luso-brasileiro. Aqui, porém, muitas das fachadas são mais extravagantes do que lá.

Uso excêntrico de diversos padrões em uma única fachada, algo não existente em Portugal.

Se temos ainda este rico patrimônio artístico, devido às décadas de abandono de certas áreas, precisamos estar alertas, pois o Rio está em plena reconstrução, e muita coisa que está por aqui há mais de 100 anos pode desaparecer em alguns dias. É preciso cobrar do poder público uma política de preservação e recuperação deste acervo, que muito nos conta de nós mesmos, e de nossa herança lusitana.

2 comentários:

  1. Segundo o que aqui consta os cariocas adoram modas. Vibram com cada novidade da estação. Talvez a apreciação da azulejaria dos velhos prédios do Rio possa se tornar moda nessa cidade que já foi capital do Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves

    Continua!!!

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    1. Sim, é verdade, mas como toda moda, é algo fugaz. Eu prefiro algo mais durador, mais aprofundado e refletido, mas isto não é característica de grande parte dos cariocas. Nem de grande parte da população do planeta.
      abraços!

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