No século XVIII, existia a expressão portuguesa "é como ouro para o azul". Sua origem vem da combinação de talhas de madeira dourada com painéis de azulejos azuis nas igrejas joaninas. Sinônimo de algo realmente muito bom, a expressão define bem a qualidade do conjunto de azulejos da Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no município do Rio
TEXTO: ALESSANDRO ALVIM
FOTOS: DELFIM FREITAS
– As 8.800 peças que cobrem as paredes da sacristia, da nave, do altar-mor e do coro alto são consideradas muito refinadas. Os azulejos vieram de Portugal e foram montados na igreja entre 1730 e 1740, período da Grande Produção portuguesa de azulejos – explica.
Para Dora Alcântara, ex-professora de arquitetura da FAU-UFRJ e especialista em azulejaria, os painéis da Glória são representantes ímpares da cerâmica colonial:
– Sem dúvida, os azulejos de autoria do artista português Valentim de Almeida compõem o melhor conjunto do período na cidade do Rio. Os desenhos são azuis sobre fundo branco e emolduramentos, em que predomina a composição barroca. Eles impressionam pela qualidade e quantidade – explica a pesquisadora.
Os azulejos da nave e do altar-mor retratam o "Cântico dos cânticos”, um livro do Antigo Testamento com temática centrada no amor. Os dois personagens da obra, o amado Salomão e a amada Sulamita, são retratados nos painéis da igreja em encontros fortuitos, como explica a professora e pesquisadora Maria Eduarda:
– São tertúlias, reuniões com um objetivo: o amor. A história é muito lírica, mas sem uma narrativa linear. É uma releitura poética – esclarece.
As cenas são sempre campestres e têm Sulamita como a figura principal. Ela aparece com plumas na cabeça e está sempre cercada por amigas. A única figura masculina é Salomão, que sempre está cercado de anjos. Nos painéis, ambos são desenhados em metáforas que representam o amor matrimonial, como detalha Dora Alcântara:
– Em um dos desenhos, Sulamita toca harpa enquanto o amado a admira. A música é a poesia cantada, significando o amor recitado – diz a pesquisadora.
Acreditava-se que os profetas estavam representados nos painéis do coro alto. Mas a pesquisadora Dora Alcântara relata que se trata de alguns personagens da "Genealogia de Jesus”, como consta no Evangelho segundo São Mateus. Os seis personagens pintados são: Aram, Naazam, Judá, Isaac, Aminadab e Fares. Eles integram a linhagem de José, pai de Jesus.
continue a ler em: http://infograficos.oglobo.globo.com/rio/ouro-azul.html
saiba mais da restauração dos painéis em: http://www.rjnet.com.br/rjouteirodagloria.php
mais fotos: http://www.artrio.art.br/pt-br/azulejos-do-outeiro-da-gloria
A Igreja da Glória vale sempre uma visita. Bela postagem.
ResponderExcluirOlá Ivo,
ExcluirObrigado! Mas o mérito é todo do jornalista e fotógrafo do O Globo.
abraços!
Os azulejos são luxuosos. É curioso, como temas da Bíblia são tratados como se à primeira vista representassem cenas galantes do século XVIII
ResponderExcluirUm abraço
Moda tuga. :-) Criatividade e inventividade 100% tuga.
Excluirabraços!
É verdade. Há gente que por não ter fé não gosta de arte sacra. Mas na verdade, muitas obras de temática sagrada, são tratadas como se fossem assuntos profanos e acabam por se tornar coisas absolutamente apaixonantes
ExcluirQue bonito , por Dios.....
ResponderExcluirLindo mesmo! Uma de nossa maiores preciosidades. Obrigado pela sua visita, e comentário!
ExcluirAmei! Muito obrigada!
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