domingo, 20 de janeiro de 2013

Centro IId - rua Visconde do Rio Branco

Uma das coisas que eu mais aprecio numa pesquisa é a possibilidade de a qualquer momento, uma nova informação mudar completamente uma (in)certeza anterior. Este é o caso do azulejo usado no friso superior deste sobrado de 1904 na rua Visconde do Rio Branco.



Vejam o azulejo usando no friso, onde está a data de construção do imóvel.



Há poucos dias eu recebi de Peter Sprangers, do Historische Kring Tolsteeg-Hoograven, Utrecht, uma série de pranchas com miniaturas de páginas de um catálogo de 1885 da fábrica Ravesteyn, também de Utrecht. E em uma das pranchas eu encontrei isto:



E uma coisa que me ocorreu é que eu não havia feito o "dever de casa" mais óbvio: comparar, via edição de imagem, alinhando-se os azulejos, as dimensões deste azulejo com o comprimento do azulejo de cercadura, que é quase certamente holandês. E aqui está, agora:



Bingo! os comprimentos são iguais! Se eu já o tivesse verificado antes, saberia que os azulejos de padrão usados no friso não poderiam, provavelmente, ser franceses, pois os azulejos franceses são via de regra dois centímetro menores do que os holandeses. 

Pelo visto, o que temos aqui é mais um caso de "padrão internacional". Aparentemente, este padrão foi produzido, ao menos, na França e na Holanda. Este não é o primeiro caso de um padrão reproduzido nestes países. Veja neste link um outro caso semelhante, mas que também inclui Portugal.

E já que voltei a este imóvel, aproveito para acrescentar também uma observação sobre o azulejo de padrão usado na fachada do mesmo, que também até há poucos dias eu não tinha nenhuma hipótese para sua nacionalidade. 




No dia 15 passado isto mudou, a partir do mesmo catálogo da  fábrica Ravesteynonde em uma outra prancha encontrei finalmente o padrão acima:


Agora todos os azulejos deste imóvel parecem ter a nacionalidade identificada, sendo todos (muito provavelmente) da Holanda.

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Atualização em 24/4/2017

O padrão usado no imóvel em questão, visto na foto abaixo, segundo o livro "De Nederlandse Tegel - Decors en Benamingen", de Jan Pluis (2013), se chama "Veelkl". 

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