foto anterior à atual reforma, que removeu os aspectos neocoloniais acrescentados no princípio do século XX. fonte: http://conventosantoantonio.org.br |
Os Franciscanos chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral. Eram oito e seu superior, Frei Henrique Soares de Coimbra, celebrou a Primeira Missa em terras brasileiras. Desde então, os Franciscanos são a única Ordem que jamais deixou o Brasil. Os primeiros Frades chegaram ao Rio de Janeiro em 1592 e se domiciliaram numa ermida perto da Praia de Santa Luzia. De lá passaram ao Morro de Santo Antônio (assim chamado, porque nele havia uma capelinha dedicada ao Santo). A pedra fundamental do convento e da igreja foi posta no dia 4 de junho de 1608, na presença de todas as autoridades e de “grande multidão de povo”. A entrada dos Frades no novo Convento se deu no dia 7 de fevereiro de 1615. Esse convento, de um só piso, foi-se tornando insuficientes pelo número de Frades. Em 1748, foi substituído pelo atual, terminado em 1780.
gravura de P. G. Bertichem,1856 |
No início era vasto o Morro de Santo Antônio, que os Frades receberam do governador Martim Afonso de Sá “com todas as pedreiras e águas, assim de poças como de fontes, que nele se acharem”. De fato, o convento e a igreja foram construídos com pedras do próprio morro. Nele havia ao menos três fartas fontes de água.
A primeira cessão de terra foi à Ordem Terceira da Penitência, fundada pelos Frades para os leigos que quisessem viver no século o carisma franciscano. No terreno doado, eles construíram a atual Igreja de São Francisco, um hospital e outras benfeitorias.
Grande parte do morro foi vendida em 1852, não só para saldar dívidas do convento, mas também por força de invasões, já que a cidade crescia para todos os lados. Mas o histórico desmonte começou em 1948. Com a terra retirada se fez o aterro da Praia do Flamengo, inaugurado em 1955 com o Congresso Eucarístico Internacional.
1911. fonte: blog Iba Mendes |
fonte: http://conventosantoantonio.org.br/ |
Entrada do Convento:
(perdoem as fotos ruins, mas todos os ambientes são mal iluminados e cheios de fortes contrastes e sombras.)
Sacristia:
Pavimento embutido com mármore português de diversas cores e desenhos simétricos. A barra é revestida com painéis de azulejos portugueses e contam milagres de Santo Antônio. O forro é dividido por molduras que contornam pinturas marianas relacionadas a Santo Antônio. Forro, azulejos e piso são ainda os originais. A grande peça artística que chama muita atenção é o arcaz feito de jacarandá, inaugurado em 1745.
fonte: http://conventosantoantonio.org.br/historico |
Nesta sala se conserva a mesa da cela de Frei Sampaio, na qual terá escrito não só o discurso do Fico, mas também todo o esboço da primeira constituição do império brasileiro. Frei Sampaio foi o grande mentor político de Dom Pedro I, com quem o príncipe se aconselhava quase diariamente. Na cela de Frei Sampaio se agrupavam os próceres da Independência.
Quando em 1821 D. Pedro I hesitava entre obedecer às Cortes de Portugal e voltar ao país ou permanecer no Brasil, Frei Sampaio não poupou esforços para convencê-lo a ficar. Elaborou o célebre manifesto do povo que aos 9 de janeiro de 1822 o levou em grande passeata cívica até ao Palácio, pedindo que permanecesse no Brasil. Depois de lê-lo, D. Pedro I proferiu a histórica frase: “Como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que eu fico”. Os franciscanos não tiveram dúvidas em dar plena adesão à Independência.
O Provincial Frei Antônio de São José Mariano, brasileiro, nascido no Rio de janeiro, mandou carta circular a todos os conventos, mandando celebrar públicas e solenes ações de graças e na sagração do Imperador compareceu entre os dignitários para prestar o juramento de fidelidade.
Frei Sampaio, que nesta solenidade fez o sermão, continuou a prestigiar o Imperador, apoiou plenamente a sua ideia de fundar um Império Constitucional e apresentou-lhe um projeto de Constituição.
Sala do Lavabo:
De cada lado do arcaz existem portas de comunicação com a sala do lavabo. O lavabo é trabalhado em mármore português: sobre um pedestal repousa uma bacia em forma de concha. No centro dela ergue-se uma coluna, em cujos quatro lados golfinhos seguram torneiras na boca, e no topo dela pousa uma escultura feminina, provavelmente representando a Pureza.
Capela dos Três Corações: também conhecida como Capela das Relíquias, porque nela se conservam muitos relicários e incrustações de relíquias de santos e mártires. Em estilo barroco, com azulejos, infelizmente encontra-se fechada por conta da restauração.
Capela representando a morte de São Francisco de Assis:
fonte; http://conventosantoantonio.org.br |
fonte; http://conventosantoantonio.org.br |
fonte; http://conventosantoantonio.org.br |
fonte; http://conventosantoantonio.org.br |
Uma das várias capelas do claustro do convento (algumas de tirar o fôlego de tão belas!) retrata a morte de S. Francisco. As fotos acima são anteriores à atual reforma e restauração do convento e igreja conventual. Nesta restauração, uma série de acréscimos neocoloniais do início do século XX (entre 1920 e 1926, sob a direção de Frei Inácio Hinte) foram removidos. Esta capela antes desta restauração possuia diversos azulejos formando como que um tapete. Só que não há mais nenhum azulejo, infelizmente! O IPHAN deve ter mandado remover, pois certamente foram colocados lá por algum frei mais caprichoso, que tinha azulejos sobrando (os azulejos originais da nave da igreja foram criminosamente trocados quando esta passou pelo face lift neocolonial; acredito que estes azulejos tenham vindo de lá), e achou que ficaria mais bonito assim. agora o "chão" abaixo das figuras (são pequenas, tipo presépio) não tem nada, é liso, de madeira, sem graça, sem cor.
fonte do texto: http://conventosantoantonio.org.br/historico
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atualização em 19/12/2014
fotos de Halley Pacheco De Oliveira
Realmente esse convento é quase um pequeno mostruário de azulejaria portuguesa do século XVIII, mas também do XVII. Os azulejos que serviam de pavimento à morte de S. Francisco são nitidamente do século XVII e emprestavam alguma graça ao conjunto escultórico, que esse sim, é de gosto duvidoso. Era preferível terem retirado as esculturas e deixado os azulejos, mas enfim, há que ter respeito pelos crentes.
ResponderExcluirUm abraço do outro lado do Mar
Olá Luis,
ExcluirFoi uma surpresa atrás da outra pra mim fazer a visita a este convento. E não vi tudo, pois há partes ainda fechadas, esperando verba para as obras necessárias (de valor infimamente menor do que mesmo as propinas dos menos remunerados no escândalo da Petrobrás, mas MUITO menor!! isso me revolta).
Queria muito ter podido ver a Capela dos Três Corações, para ver como são os azulejos nos silhares. As pias malucas podem ser uma curiosidade, mas acho feias, e de gosto duvidoso. Preferia que removessem as pias, e deixassem os azulejos ornamentando a capela de S Francisco. As figuras de terracota são mesmo feias, mas viraram um tipo de tesouro, pois elas estavam fechadas numa parede. havia 3 capelas fechadas por parede!! Coisa de romance!!
abraços
Fábio
O conjunto desse convento e sua igreja (bem como a Igreja de São Francisco da Penitência ao lado) são nosso tesouro colonial encravado em plena urbe moderna (a nossa "Torre de Londres" ou nosso "Foro Romano").
ResponderExcluirPena que não haja sensibilidade de nenhuma parte para que algum órgão ou empresa doe o que falta para as obras de recuperação. É uma mixaria perto do que se roubou apenas ali na vizinha Petrobrás!!
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