sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Centro XXVI - rua do Carmo


Agora vemos neste post o sobrado-irmão do apresentado no post anterior. Se não fosse pelo revestimento azulejar, os imóveis seriam gêmeos. Diferentemente do seu "irmão", que mistura azulejos franceses e holandeses, este aqui é mais "puro", apresentando apenas azulejos holandeses, e enquanto lá a maior parte dos azulejos foram pintados com o uso de estanhola, os deste imóvel foram todos pintados à mão-livre, o que os torna mais valiosos do que os do imóvel ao seu lado.


Acima, o mesmo imóvel, em outro dia (domingo)



Acima vemos o detalhe do encontro dos dois imóveis, a parede comum que estes dividem. Acho este  confronto entre os dois conjuntos diferentes de azulejos muito rico, e um bom exemplo da diversidade de padrões que foram capazes de criar para os azulejos, com apenas duas cores básicas (as mais comuns por aqui), mesmo que fundamentalmente tenham um mesmo tipo de ritmo e desenvolvimento: um tipo qualquer de fita ou planta que segue por um eixo de forma mais ou menos espiralada, tudo margeado por molduras no lado mais comprido (cercadura), e algum tipo de desenho ou ritmo em xadrez, ora girados a 45° (em "X") ou na horizontal/vertical.


Gosto muito deste padrão entrelaçado que os quadrados formam, criando áreas estrategicamente preenchidas pelo verniz manganês, o que na visualização à distância da parede acaba nos levando a uma outra percepção, não mais horizontal/vertical, como quando os vemos de perto, mas também em "X", como "manda" a tradição azulejar.


4 comentários:

  1. Belíssimo trabalho de documentação dos azulejos antigos do Rio de Janeiro. Parabéns. Acompanho com admiração. Um abraço.

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  2. Mais azulejos maravilhosos que o Fábio vai descobrindo no Rio!
    Este padrão de quadrados encadeados a azul e manganés é lindo! E as cercaduras também são um primor!
    Sabe que eu não conhecia nada da produção azulejar mais recente (isto é, de há 100-150 anos) da Holanda?
    Obrigada pela amostragem.
    Bjos.

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    1. Olá Maria Andrade,
      Aqui no Rio é possível se fazer um pequeno catálogo da produção azulejar holandesa do século XIX facilmente, dada a imensa variedade de padrões que podemos ainda encontrar por aqui.
      Ainda preferia que houvesse mais azulejos portugueses, mas se não é a nossa realidade, ao menos, como sempre digo, esta forma de particular de uso dos azulejos, como revestimentos das fachadas frontais das casas e prédios, é uma coisa autenticamente luso-brasileira!
      b'jinhos!

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