domingo, 17 de março de 2013

Centro XXIIIb - Igreja da Ordem Terceira do Carmo

Ontem fim um longo "safari" pelo Centro do Rio de Janeiro, e deste trouxe uma grande quantidade de fotos de azulejos e telhões de beiral em faiança, bem como algumas estátuas de faiança, que aos poucos vou publicar por aqui. Todas as vezes que volto de um passeio assim, fico em dúvida por onde começar! Já foram quatro possibilidades, mas no final venceu a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, ou melhor, suas cúpulas azulejadas. Em uma postagem anterior, eu já contei um pouco da história da Ordem e desta igreja em particular, e mostrei os azulejos holandeses que ornamentam e dão vida a um espaço de circulação lateral aberto como uma varanda.

Nunca é demais lembrar que este não é um exemplo isolado de cúpulas azulejadas no Rio de Janeiro. Já vimos aqui também as cúpulas da Igreja de São Francisco Xavier. Há outras igrejas mais com cúpulas azulejadas no Rio de Janeiro, que ainda não figuraram aqui no blog, como a de Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro, na Lapa, que tem também as torres azulejadas, e foi originalmente construída também pelos Carmelitas.
cúpula da Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro, RJ.

Não há muito o que dizer sobre estas cúpulas; as imagens falam por si. É muito difícil tentar saber a origem destes azulejos. Não consegui encontrar alguma fonte online que ao menos desse uma ideia de quando a cúpula foi azulejada. O que posso afirmar é que as torres sineiras só foram construídas de 1847 a 1850, 80 anos após a inauguração da igreja. As torres foram projetadas pelo arquiteto Manoel Joaquim de Melo Corte Real, professor da Academia Imperial das Belas Artes.


Eu gosto particularmente do contrate forte que os azulejos claros e brilhantes fazem contra a pedra escura e opaca, principalmente em dias de sol, quando o efeito é mais impressionante.


Estes mosaicos de azulejos tornam esta cúpula muito mais interessante do que se fosse apenas de pedra, ou com azulejamento liso.

Pelo visto os Carmelitas gostavam de cúpulas azulejadas, pois há outras igrejas desta ordem com este tipo de acabamento em suas cúpulas, como a Igreja dos Carmelitas no Porto, Portugal, o Convento e Igreja do Carmo em Santos, SP, além da Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro, já mencionada acima.

Igreja da Ordem Terceira do Carmo em Santos, SP. fonte >>
cúpula da Igreja dos Carmelitas no Porto, Portugal.
Para terminar, mais algumas fotos da suntuosa Igreja da Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro.



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Atualização em 3/4/2013

Me dei conta que não fiz uma coisa que costumo fazer nas postagens sobre igrejas: publicar imagens antigas, e fotos do seu interior.

Abaixo vemos uma aquarela de Thomas Ender (sempre ele!), de 1820, com a igreja com apenas uma torre, e ainda sem cúpulas.


Nesta foto de 1870, me parece que os desenhos com mosaicos de azulejo já estão lá nas cúpulas.


Agora vamos a algumas imagens do seu deslumbrante interior.











9 comentários:

  1. Olá Fábio,
    Eu já tinha visto o interior desta igreja no outro post, realmente sumptuoso e belo, mas as fotos que nos mostra agora das cúpulas azulejadas são uma maravilha! Sobretudo a primeira foto dava um lindo postal!!!
    A da Nossa Senhora da Lapa do Desterro e a de Santos fazem mesmo lembrar cúpulas de igrejas portuguesas, são para nós mais comuns, e o exemplo que mostrou do Porto é bem elucidativo; mas essa primeira foto é de tirar o fôlego, o efeito é magnífico!
    Bjos

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    1. Olá Maria Andrade,
      Fico feliz que você tenha apreciado esta postagem.
      Uma coisa que achei curiosa na cúpola da igreja em Santos é que os azulejos são de figura avulsa! Inesperado isso. Não sei a origem destes, mas a julgar pelos azulejos na torre, que são holandeses...
      b'jinhos

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  2. Interessante que a fachada desta igreja tem algum parentesco com a de Santo António, em Lisboa, esta última sem as torres laterais, claro:

    http://fratersantoantoniodelisboa.blogspot.pt/2010/09/visita-igreja-de-santo-de-antonio-de.html

    O encontro da pedra com o azulejo, tal como afirmas, é de uma riqueza plástica que ultrapassa as destes mesmos materiais, quando utilizados em separado.

    Agora, o que me admira mesmo é como foi possível que fossem grafitar o topo destas torres?????
    Como é possível????
    Fico sempre admirado como podem estas coisas acontecer e como o vandalismo pode mesmo invadir edifícios tão emblemáticos como este.
    Obrigado por nos teres trazido mais esta obra de arquitetura tão interessante
    Manel

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    1. Olá Manel,
      Realmente há pontos em comum entre as duas igrejas, como você indicou. Mas o pórtico da Igreja da Ordem Terceira do Carmo é muito mais suntuoso! E pensar que todo este conjunto em cantaria poderia estar em Lisboa, mas felizmente veio parar no Rio de Janeiro.
      Quanto ao vandalismo das torres, prefiro chamar de pixação, que é como conhecemos estas barbaridades cometidas por estes marginais aqui no Brasil. Grafites são obras de arte urbana, jamais feitas em paredes de prédios públicos ou privados, mas sim em muros e paredes de contenção. Atualmente por aqui há vários programas de estímulo aos grafites. Recentemente foi feio um gigantesco, na região portuária, muito bonito. [link]
      A linha 2 do metrô carioca tem contratado grupos de grafiteiros para ornamentar o exterior das estações, que era muito morto, sem graça, sempre com desenhos que façam alusão à região em questão. [link] -- a estação São Cristóvão é aqui perto de casa.
      abraços!

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    2. Nós não temos o termo "pixação" ... lol, aliás, este termo tem uma raiz algo complicada para o português de Portugal, creio mesmo que seria muito difícil que algum dia venha a vingar por aqui ... lolol
      O painel que foi feito não está mal, pelo menos decora superfícies que, doutra forma, seriam mais um espaço sujeito a vandalização.
      Manel

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    3. Verifiquei no Priberam, e já entendi o que você deixou no ar. :-)
      Pixação aqui origina-se da palavra "piche". Também escreve-se "pichação", que por sinal é a forma mais usual, e eu não sei o que me deu que usei a com "x", que é até marca registrada de uma loja de surfwear...
      abraços!

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  3. O Manel já me tinha falado deste post, com as cúpulas em azulejos. Embora a fachada recorde Sto. António em Lisboa, o contraste da pedra escura com o azulejo evoca a cidade do Porto, a Invicta. Em Lisboa não há o hábito de decorar as cúpulas da igrejas com os azulejos.

    Por acaso, tenho umas fotogradias da torre sineira de uma igreja em Vila Viçosa, toda revestida de azulejos, que tenho que mostrar um dia nestes no blog. Afinal, tu mereces, não é?

    um abraço lisboeta

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    1. Olá Luis,
      Vou ficar esperando este post com as torres sineiras da igreja de Vila Viçosa.
      Há outras cúpulas azulejadas aqui no Rio, sem com o contraste com a pedra. A igreja de Nsa Sra da Candelária é um exemplo, que ainda preciso fotografar para publicar aqui. Mas até lá, vocês podem dar uma olhada nesta foto ou nesta foto.
      abraços!

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  4. Amigos,
    Me dei conta que não fiz uma coisa que costumo fazer nas postagens sobre igrejas: publicar imagens antigas, e fotos do seu interior. E no Caso da Ordem Terceira, não mostrar o interior deslumbrante, que é de fazer você quase acreditar em Deus, seria um crime. Aqui estão agora.
    abraços!

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