quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Centro XXXVIII - Igreja de Santo Antônio dos Pobres

data da postagem original: 13/05/2013
última atualização: 07/12/2017

Igreja de Santo Antônio do Pobres, c. 1920
acervo Biblioteca Digital Luso-Brasileira [>>]



No dia 15 de Agosto de 1807, na cidade do Rio de Janeiro, expressivo número de devotos de Santo Antônio, liderados por Antônio José de Souza Oliveira, tiveram a idéia de erguer um templo sob a invocação do grande Santo nascido em Lisboa e falecido em Pádua. Para tanto, Antônio Oliveira adquiriu um terreno na esquina da Rua dos Inválidos com a Rua do Senado no Centro do Rio por compra a D. Helena Maria da Cruz e o doou à então fundada Irmandade de Santo Antônio dos Pobres.

Trabalhando com dedicação e fervor, e facilitando à sua custa todos os recursos necessários, a igreja, três anos após o seu começo, achava-se concluída em 1811, sendo então entregue ao povo com grande solenidade, tendo comparecido ao ato da inauguração a família real e todos os altos escalões da Corte Real da época.

Naquela época, a Igreja era um primitivo Templo de estilo barroco e que ficou conhecido como Igreja de Santo Antônio dos Pobres em razão da Igreja do Convento do Largo da Carioca, dos Franciscanos, ser naquela época freqüentada pela classe mais alta da Cidade. O povo humilde e pobre assistia às Missas e demais cerimônias religiosas do calendário litúrgico no modesto e harmonioso templo da Rua dos Inválidos.

Mesmo concorrido pelo povo simples, foi ele visitado várias vezes pelo Príncipe Regente, mais tarde Dom João VI, junto com Dona Carlota Joaquina, grandes devotos de Santo Antônio, que sempre se fez acompanhar de seus filhos e de personalidades da Corte.

Em 1940, obras urgentes se impuseram na Igreja. As constantes enchentes no local afetavam os alicerces e as paredes, os cupins se aproveitavam da umidade para proliferar e assim, a Venerável Irmandade de Santo Antônio dos Pobres, com o apoio da comunidade católica da região e liderança do então Provedor Comendador Antonio Parente Ribeiro, lançou-se ao trabalho da reconstrução do Templo. Grande parte do antigo templo foi destruído e em 23 de abril de 1940 foi lançada a pedra fundamental da nova Igreja, que foi inaugurada em 13 de junho de 1942, com apenas metade da nave da Igreja já pronta. Sem interrupção do culto, em 1946 ficou pronta por completa a nova Igreja já em estilo neoromântico.

a igreja atualmente, já recuperada, e à esquerda, o monstrengoque quase causou seu desabamento.
A Igreja é famosa por suas festas no dia 13 de junho onde há uma Alvorada as 6 horas da manhã comandada por membros do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. No dia de Santo Antônio, a Igreja fica aberta o dia inteiro com Missas e há distribuição constante de pães. De noite, o último dia da Trezena é festejado para que logo após seja celebrada a última Missa do Dia. A Procissão pelas ruas do Bairro sempre ocorre no Domingo seguinte ao dia 13 de junho pela tarde e após a chegada à Igreja é celebrada Missa Solene. [ fonte >> ]

uma visão da obra já quase pronta, onde podemos ver a estrutura em vidro
que permitirá ver o piso original da primeira igreja.

foto do interior da primeira igreja, construída no século XIX.
nesta imagem podemos ver não apenas o belíssimo piso da igreja original, do século XIX,
como também a diferença de altura entre este e o piso atual, da década de 1940.
É impossível não comentar o tédio que é o piso atual, ainda mais em contraste com a riqueza do piso da primeira igreja [ fonte >> ]!


imagem: jornal O Globo.
aconselho ampliar esta imagem.

imagem: jornal O Globo.
foto de Ariel Carvalho [>>]

Nas imagens abaixo vemos parte dos azulejos encontrados, que aparecem revestindo as paredes na foto acima, do inteiror da primeira igreja.




Atualização em 07/12/2017

Hoje consultando o acervo da coleção Roberto Pozzo [>>] achei os azulejos acima, o que me leva a acreditar que seja mais um caso de azulejos art nouveau belgas no Rio de Janeiro:




Os azulejos acima foram produzidos na Manufactures Céramiques d'Hemixem Gilliot & Cie, Hemiksem, Bélgica.

11 comentários:

  1. A azulejaria em relevo é linda. Luxuosa, mesmo. Não conheço nada semelhante aqui em Portugal, muito embora não tenha a pretensão de conhecer toda a produção portuguesa. Em todo o caso se for português será do Porto ou Gaia, que foram os centros de fabrico que mais se deicaram ao azulejo em relevo. Mas não me parece português.

    Um amigo comum, que é um grande fofoqueiro, disse-me que fazias anos. Dou-te os parabéns, com votos para que continues este trabalho de levantamento da azulejaria carioca, que é notável.

    Abraços de Lisboa, a cidade das muitas e desvairadas gentes, como escrevia o Fernão Lopes

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    1. Olá Luis,
      Obrigado pelos parabéns!
      Aqui temos muito s azulejos em relevo, especialmente do período art nouveau, de origem belga e inglesa. Não sei a origem destes acima.
      mas eu já vi também muitos azulejos em relevo aí em Portugal, principalmente Sacavém e Devezas, mas certamentes haverá de outras fábricas.
      abraços!

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  2. O ladrilho de cercadura é idêntico ao da varanda do Solar de Mandiqüera, encontrei um recentemente em que foi possível ver a marca da fábrica francesa. Parabéns pela postagem e pelo seu aniversário Fábio! Abraço.

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    1. Olá Mateus!
      Maravilha! Obrigado pela informação. Você está falando do ladrilho hidráulico do piso antigo da igreja?
      Obrigado pelos parabéns pelo meu aniversário.
      abraços!

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    2. Sim Fábio, o ladrilho hidráulico de cercadura da antiga Igreja, vem todos de Maubeuge, na França, da fábrica BOCH Freres & Co. Há não ser que no mundo dos ladrilhos seja igual aos azulejos, onde um determinado padrão não é exclusivo de uma determinada fábrica.
      Aqui a foto: http://www.theantiquefloorcompany.com/images/P1050708.JPG
      Abraço!

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    3. the encaustic tiles can also be made by Villeroy & Boch in Mettlach Germany who had the same design in their cataloge

      Mario

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    4. Hello Mario,
      I know so very little about encaustic tiles, that your info is very valuable to me. Thanks!
      Regards

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  3. Fabio:
    O único azulejo que aparece é um painel, até comum, belga, Gigliot, Hemixen las Anvers, marcados com o famoso H belga. Ao que me conste, do inicio do seculo XX. Deve ter sido um remendo...

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    1. Caro Carlos,
      Podem ser até comuns, do séc. XX, mas não menos bonitos por conta disso. E não acredito que seja um remendo. Veja a foto do inteiror antigo da igreja acima; eles estão nas duas paredes, por trás das cadeiras.
      Obrigado pela identificação de origem.
      abraços!

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  4. Prezado Fábio,

    Não sei se meu outro comentário chegou, desculpe se foi enviado 02 vezes.
    Gostaria de fazer uma correção no comentário de Carlos : deve ser "Gilliot" de Hemiksem, Antwerpen, Bélgica - veja http://www.scheldeland.be/nl/heemmuseum-en-gilliot-en-roelants-tegelmuseum.

    Eu sou Belga e fazendo um inventário da herança belga no Brasil - veja http://belgianclub.com.br/ Gostaria de pedir sua autorização de incluir seus post "origen Bélgica" neste site, claro mencionado a sua autoria.
    Abraço

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    1. Olá Marc, tudo bem?
      Que bom que você insistiu, pois não chegou o primeiro comentário.
      Muito obrigado pela correção, e pelo link!
      Fique à vontade para citar o material aqui do blog, ele existe mesmo para proveito coletivo.
      abraço!

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